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domingo, 3 de março de 2013

Resenha: A exposição das rosas

István Örkény - Editora 34




Eu conheci esse livro através de um vídeo do canal da Patrícia Pirota no Youtube. Diga-se de passagem, o meu canal preferido.  Ele traz duas novelas, a primeira, que dá nome à obra, trata da produção de um documentário sobre a morte, idealizado por Iron Korom. Deixando de lado as prováveis complicações de filmagem, o diretor consegue três “atores” para o seu filme, que são nada mais que pessoas comuns que beiram o leito de de morte.

A novela aborda seu tema de forma extremamente prática, sem sentimentalismos (como já foi alertado pela Patrícia em seu vídeo). Alguns momentos e pensamentos dos três personagens antes da morte são mostrados. Mas novamente: sem teor filosófico. A morte nua e crua. Por mais contraditório que pareça, é essa abordagem racional que deixa o livro surreal. Personagens lidando com a morte de modo displicente, sem dar muita importância ao fato, me incomodaram em certos momentos. Especialmente, porque essa atitude não vem dos próprios doentes, mas dos que os rodeiam, amigos e familiares.

A parte de Mariska (outra enferma) foi, para mim, a melhor do livro. Tanto a própria personagem, como a mãe dela e a família Nuófer foram muito bem construídas, gostei muito.

Não é uma leitura densa, apesar de tudo. O autor soube muito bem conduzir a historia de forma leve, transmitindo aos seus personagens, ironia e desprendimento, sem, no entanto, deixá-los rasos. Senti falta de mais reflexão. Uma provocação ao leitor, um algo a mais, mas talvez isso seja por minha conta.

A segunda novela, trata do período em que “A família Tóth” recebe como hóspede, o major Varró, a pedido do filho que está em combate na guerra. A todo momento tentam agradá-lo de forma a garantir ao filho, mais conforto e segurança futuros.

O único “problema” é que todos nessa historia parecem completamente pirados! Os diálogos e as reações diante de coisinhas ínfimas são bizarras, e todos parecem concordar com essa insanidade. Não vou comentar esses casos, porque estragaria um pouco se você resolver ler, mas quem o fizer, vai entender.

Com isso, várias vezes ri e achei o conto bem humorado,  entendendo a intenção do autor chamando atenção para essas atitudes. Mas, em outras, me deu raiva. E, apesar disso, eu sentia vontade de continuar lendo. O final foi um dos mais surreais que já vi. Nem tentei entender. Eu fiquei tipo: “Ele fez isso mesmo??”. Mas confesso, que depois da incredulidade, me veio a satisfação... Se fosse eu, no lugar do Tóth, não faria, mas gostaria de fazer o mesmo.

Resumindo: gostei, levando em conta o livro como um todo. Mas não achei a ultima coca-cola do deserto, então não é algo que eu leria novamente. Vale o entretenimento, pois o autor escreve muito bem.

3 estrelas


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