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sábado, 16 de março de 2013

Sobre momentos


Todos os dias. Horas. Minutos. Segundos. O tempo que passa por nós como raio... Os poucos momentos únicos pelo qual vivemos toda a vida para sentir. A trajetória que fazemos sem rumo, sem sentido, sem explicação ou troféu final. Sem final. Aprendemos a simplesmente levar um dia após o outro da melhor forma que podemos, mas no fundo sempre buscamos algo a mais. Há um vazio existencial que nada completa. Que não temos o direito de pedir, que está fora do nosso alcance. Alguns preenchem uma parte dele com invenções, sentimentos, idéias, pessoas...

Talvez nunca saibamos do que somos feitos, para quê somos feitos. E ainda assim, há momentos... momentos onde a essência humana é sentida no mais profundo do seu ser, inteira por si, irradiando o seu potencial. Coragem, esperança, amor... É o que chamamos de felicidade. 




E por essa fração de tempo, gigante por intensidade... Viver já basta.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Resenha: Reparação

Ian McEwan, Editora Companhia das Letras


A história tem como personagem central, Briony Tallis, primeiramente aos 13 anos de idade, quando num verão em sua casa, com a família reunida, ela presencia momentos que mais tarde virão a fazê-la cometer um grande erro. Ao mesmo tempo inteligente e criativa, também lhe faltam conhecimento de mundo e perspicácia. Diante da estranha cena em frente a fonte, protagonizada por sua irmã Cecília e o Robbie Turner, Briony já desperta dentro de si sua imaginação dos fatos. Mais tarde, na biblioteca, ao se deparar com outra cena que ela não entendeu, acabou por tomar como certa sua suposição e deturpar ainda mais a realidade. Unindo os pontos dentro de sua cabeça, logo resolve ela própria, o crime sofrido por sua prima, Lola, estuprada na mesma noite. Anos mais tarde ela percebe seu erro, ao ter condenado um homem inocente à prisão, ter ruído com a união da família – que se antes não era tão forte, pelos menos os mantia em harmonia – e ter mudado com seu movimento de julgamento, vidas não voltariam a serem as mesmas.


 O livro é dividido em três partes: a primeira, e maior de todas, concede ao leitor uma ampla visão dos acontecimentos daquele fatídico dia, o pré-julgamento feito por Briony e sua conseqüência. Confesso que apesar de reconhecer a importância de apresentar os personagens e as circunstâncias da historia, achei esse momento do livro muito maçante. O autor usa metade do livro para fazer essa apresentação. Usa e abusa de muita descrição. Foi só depois das primeiras cem páginas que consegui engrenar. E ainda aos trancos e barrancos. Porém, gostei da imersão na personalidade de Briony, mostrando-a como precoce em certos aspectos, mas bastante imatura  em outros. Me identifiquei com ela por conta de sua ambição em relação à escrita. E por sua fantasia e constante imaginação de um mundo paralelo, de onde criava suas historias. Para mim foi a única parte prazerosa desse primeiro trecho do livro.



A segunda parte, inicia-se já com Robbie no exército, durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de permanecer na terceira pessoa, vimos suas experiências de guerra, seu constante pensamento em Cecília e o anseio pelo momento em que poderiam ficar juntos e sua busca por explicar para si a atitude impulsiva de Briony. E mostra rapidamente o desenrolar dos acontecimentos pós verão de 1935. Achei bem interessante a visão da guerra, por parte de Robbie.


A terceira, trata da iniciação de Briony como estagiária de enfermagem. Sua rotina, sua culpa, o distanciamento da família, a busca pela reparação de seu ato. Essa era a parte pela qual eu esperei durante todo o livro, enquanto fui exposta a revoada de informação da apresentação. Quando busquei o livro, minha esperança era ver a consciência de Briony, seus pensamentos, suas atitudes, o desenrolar da historia. Mas muito tempo foi gasto na introdução, apressando de certa forma o desenvolvimento. Isso me frustrou bastante.


Então, vou dizer, fiquei desapontada com o livro. Tem premissa boa, mas não gostei de como McEwan narrou a historia. Em vários momentos quase larguei o livro de vez, mas resisti porque queria resenhá-lo. Não é um livro ruim, mas achei uma obra mediana, porque apesar de seus bons momentos, não me prendeu a ponto de não querer abandoná-lo e nem de longe despertou minha paixão.

2 estrelas 


PS: As cenas são do filme, de nome Desejo e Reparação, que ainda não vi. Na verdade nem sei se verei, mas se o fizer, comento. 

sábado, 9 de março de 2013

Inspiração #1


Nessa tag postarei sobre frases, textos ou imagens que encontrar por aí. Detalhes que tocam, ou fazem a diferença. 




A de hoje é sobre um designer que resolveu sair pelas ruas de São Paulo para receber os conselhos de quem passava. Ele pedia um – sobre o que a pessoa desejasse – e ela o depositava numa caixa. Ano passado, ele lançou um livro com uma coletânea dos melhores conselhos recebidos.


Mil vezes isso.


Inclusive, sincero a você mesmo...


Triste realidade...


Todo mundo sabe disso, mas a gente esquece..


Ou seja: viva.


Só uma palavra: Fringe 


Depois que passa a gente ri...


Para quem tiver curiosidade o link do site. Muito legal!


PS: Na parte do “leia os conselhos”, vai direcionar para o Flickr, onde aparecem vários deles – estão mais a partir da página oito ;) 

sexta-feira, 8 de março de 2013

O que estou lendo #2


Hoje fui na biblioteca devolver os livros e renovar o “Reparação”. E ia pegar só mais um, mas acabei voltando com dois... Não consegui os de terror que pretendia, mas trouxe um chick-lit, que também é uma leitura mais leve. Junto a ele, peguei um do Mia Couto, que estava na lista, mas que não tinha pensado para hoje – sempre acabo levando um diferente do que planejei.. Sinopses para vocês ficarem com vontade ;)

Antes de nascer o mundo – Mia Couto




Jesusalém, ermo encravado na savana, em Moçambique, abriga cinco almas apartadas das gentes e cidades do mundo. Ali, ensaiam um arremedo de vida - Silvestre e seus dois filhos, Mwanito e Ntunzi, mais o Tio Aproximado e o serviçal Zacaria. O passado para eles é pura negação recortada em torno da figura da mãe morta em circunstâncias misteriosas. E o futuro se afigura inexistente. Silvestre afança aos filhos e ao criado que o mundo acabou e que a mulher - qualquer mulher - é a desgraça dos homens. Mas um belo dia os donos do mundo voltarão para reivindicar a terra de Jesusalém. E não só isso - uma bela mulher também virá para agitar a inércia dos dias solitários daqueles homens

O diário de Bridget Jones




Livro que inspirou o filme estrelado por Renée Zellweger. O romance relata um ano na vida de Bridget Jones, uma mulher solteira, de trinta e poucos anos, que luta com todas as forças para emagrecer, encontrar um namorado, parar de beber e largar o cigarro. Uma história aparentemente comum, mas narrada em estilo impecável e extrema sensibilidade. Numa demonstração de acuidade, a autora tira do cotidiano de uma balzaquiana a matéria-prima para um livro memorável.

(Via skoob)



PS: Estou terminando o Reparação, em breve posto a resenha!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Nova tag: TAGS!


Vou dar uma explicação a vocês: minha intenção é postar aqui todos os dias, mas como começo de blog, ainda tenho falta de idéias para posts (que podem ser sugeridas!), por isso tem dias que passam em branco. Mas estou tentando mudar essa condição e com isso pensei em responder aquelas tags que muitos vlogueiros respondem em seus vídeos.

A escolhida de hoje é a tag: livros de infância e juventude, que eu encontrei no blog how to live a thousand lives da Mônica Silva.

1. Qual o livro ou coleção que foi o teu primeiro “vício de leitura” que não conseguias parar de ler?

Harry Potter. Com certeza. É a primeira série que lembro de ter devorado madrugadas adentro. Eu tinha oito ou nove anos na época, lembro que ganhei A câmara secreta e numa primeira lida não gostei como pode??, mas depois relendo fiquei apaixonada e não via a hora de lançarem o próximo. Já havia lido outros, mas o “despertar” para leitura foi só nesse momento, quando depois, para preencher o vazio entre um lançamento e outro, procurei comprar livros novos, sempre buscando os mais grossos, porque pensava: assim, a leitura vai durar mais...

Ela se encaixaria facilmente nas próximas perguntas, já que marcou tanto minha infância e adolescência, além de ser até hoje minha série preferida de todos os tempos. Mas vamos abrir espaço para outras também, né! Que não é só de Harry Potter que o mundo vive (mesmo que nao seja um pesar se assim fosse). Além do mais, acho que é um grande posto para ele, ser simplesmente o livro que me fez hoje gostar tanto de ler.

2) Quais os 3 livros ou coleções que marcaram a tua infância?

Acho que a principal coleção foi a série Vagalume. Eu alugava direto na biblioteca da escola e minha meta era ler todos não consegui. Mas li grande parte, adorava. Meus preferidos foram:

- A guerra do lanche, Lourenço Cazarré
- O caso da borboleta Atíria, Lúcia Machado de Almeida
- O escaravelho do diabo, Lúcia Machado de Almeida
- O mistério do cinco estrelas, Marcos Rey

Livros fininhos, pouco mais de cem páginas, leitura bem jovial, bem gostosa de ler. Eu indicaria para todas as crianças pegarem gosto pela leitura, pois é bem acessível para idade. Sem contar que eu até hoje tenho o A guerra do lanche, e releio de vez em quando por pura diversão! Hehehe 

Além da Vagalume, tem outras duas séries que me marcaram muito quando tinha lá pelos dez anos de idade, e que ainda releio de vez em quando:

- O incrível livro de hipnotismo de Molly Moon, Georgia Byng

Descobri recentemente que é uma série! Queria muito ter sabido disso na época, pois acho que aproveitaria mais os próximos livros (mas mesmo assim pretendo lê-los). Lembro que de todos os “entre-HarryPotter”, esse foi o que eu mais gostei, principalmente por conta da personagem principal, a Molly, a quem me apeguei facilmente. Me identificava muito com ela em certos aspectos. E tanto ela, quando os Baudelaire de Desventuras em série, são órfãos, coisa que me atraiu por conta de – quem mais seria? Harry ser também.


- Desventuras em série, Lemony Snicket 

Confesso que achei meio esquisito assim, quando li de cara. Porque os Baudelaire sofrem muito! E na maioria das vezes, tudo poderia ser evitado pelo tapado do Sr. Poe, que homem mais burro, meu Deus! Meu desafeto nem é o vilão, é ele! Passei raiva, mas eu gostava dos órfãos. O modo como eles sempre lidavam com os problemas de forma criativa (Violet, oi) e buscavam conforto na união. Essa série eu também não terminei de ler, mas por uma única razão: o preço dos livros. Dos treze, só tenho seis... aberta a temporada de doações! mas espero completar a coleção, porque ainda quero saber o fim, e acho que vale o investimento.




3) Quais os 3 livros ou colecções que marcaram a tua juventude?


- O caderno de Noah, Nicholas Sparks

Que agora foi relançado com o nome do filme: Diário de uma paixão. Foi o primeiro livro que li inteiro em pdf. Meus olhos arderam e não foi só por conta da tela. Que historia triste. Triste e linda, típico de Nicholas Sparks. Quando terminei fiquei abobada de tão tocada que me senti. Como eterna romântica ainda mais na adolescência amei o livro e procurei para comprar. Só que como na época o autor não estava tão em alta como agora, não achava em lugar nenhum. Foi só quando minha tia conseguiu comprar pra mim que li o livro físico. Uma edição antiga com a capa antiga, que é um dos meus queridinhos da estante. Depois desse, li o Um amor para recordar (também em pdf, do mesmo autor), mas já esse não gostei tanto, preferi o filme ao livro. O fato é que hoje já não tenho tanta paixão por Nicholas Sparks, mas O caderno de Noah ficou marcado para mim pelo romantismo das paginas.


- Depois daquela viagem, Valeria Piassa Polizzi

Livro indicado pela escola, comprei de segunda mão, mas guardo até hoje, com muito carinho, obrigada. Acredito que o livro transmite bem a personalidade da autora: sincero, inteligente e engraçado. Val contaminou-se com o vírus do HIV em uma viagem de navio, quando tinha apenas quinze anos. Então, apoiada a “doar cinco minutos” para alguém, ela decidiu escrever o livro como alerta para que outros jovens não cometam o mesmo erro. Na época gostei bastante, mas acho que só na segunda ou terceira vez que li, que o favoritei para a vida. A narrativa da Valéria é muito boa, seu modo de contar a própria historia faz com que nos tornemos “amigos” dela.




- Solanin 1 e 2, Inio Asano

De novo? Sim, meu povo. Li recentemente, resenha no link, e a pergunta inclui juventude... logo, se encaixa perfeitamente na condição. Solanin foi para mim como se de repente, meus pensamentos atuais todos saíssem de dentro da minha cabeça, e se materializassem em forma de livro. Sem mais.





4) Escolha até 3 livros que consideras que foram simbólicos durante o teu crescimento enquanto pessoa e leitora. + 5) Escolhe 3 livros que leste durante a tua juventude e que te fizeram olhar para o mundo de uma forma diferente. (Assim como a Mônica, decidi unir as duas perguntas que são bem parecidas.)


- Nietzsche

Não me levem a mal, sei que ele possui várias obras, e poderia citá-las aqui. Mas acontece que quando o li, foi durante a faculdade de Comunicação Social, na matéria de filosofia (ah vá!), quando passei a ter contato por meio de alguns capítulos dessas varias obras. Logo não li nenhum integralmente, mas tive uma boa base por ler um pouco de tudo. Foi importante porque abriu um horizonte à minha frente. Nunca pensei que um cara que viveu em 1800 e bolinha pudesse dizer tanto sobre coisas que eu também penso sobre. Se nesse caso não há personagem, ainda há indetificação, dessa vez, com os pensamentos. A leitura não é algo fácil que você vá ler num piscar de olhos, mas ainda assim é prazerosa. Por ser difícil, lembro que tomava como um desafio entender o que aquele homem estava querendo transmitir, o que me fazia pensar muito. E depois que entendia, pensava de novo, dessa vez, sobre o que eu achava a respeito. Gente, vale a pena. Me fez tomar gosto por filosofia.




- A felicidade clandestina, Clarice Lispector

Outro horizonte aberto. Li por conta da lista de obras obrigatórias para o vestibular, na noite da véspera do mesmo, no computador. Eu nem ia ler, na verdade. Mas como começou a bater o pânico pré-prova, resolvi dar uma chance. Fui lendo um conto, depois outro, depois outro. Mas que coisa é essa? Entraram na minha cabeça de novo e descobriram meus pensamentos! Acho que com ela, ou você ama, ou odeia. Clarice é outra que eu nem dava bola, nem mesmo mas frases postadas na internet. Mas depois que li os contos do Felicidade Clandestina, fui flechada à primeira vista. É uma leitura intimista, que tambem faz refletir bastante. Meu conto preferido é Perdoando Deus. E não, não entendi o Ovo e a galinha.




- (Essa ultima escolha eu deixo em aberto. Tenho outros livros, mas não acho que foram tão importantes como os citados acima. Nunca falei, mas não tenho um livro preferido de todos os tempos - tenho uma série só, que vocês já sabem qual é -, tenho vários para cada momento. Quando encontrar o the best book ever, atualizo esse post e coloco aqui para vocês ;)


6) Quais as personagens que mais marcaram a tua infância e juventude?

Apesar de todos os livros que li até agora, acho que os personagens que mais me marcaram e que logo vem a minha cabeça, são os da série Harry Potter. Não tem jeito. Talvez pelo fato de a serie ter me acompanhado durante a infância e juventude. Tive muito tempo para me apegar a todos, e até agora são os mais marcantes para mim.




7) Qual o teu escritor preferido de literatura infantil e/ou juvenil?


 Ah, gente. Não tem como não ser.... a dona J. K. Rowling. A escrita dela, simples mas eficiente. A gama de personagens incríveis criados, o seu aprofundamento e desenvolvimento, acompanhando o nosso próprio. Sem contar todo esse universo mágico ao alcance de nós, meros trouxas. Como não amar?



PS: pensando seriamente em fazer uma versão dessa tag para músicas e filmes...

segunda-feira, 4 de março de 2013

Resenha: Solanin 1 e 2

Inio Asano – Editora L&PM Pocket Mangá




Enfim a resenha de Solanin! Terminei esse mangá bem antes de A exposição das rosas, mas procrastinei, porque essa leitura significou tanto pra mim, que eu queria ler mais uma vez para transmitir isso melhor para vocês. Só que como já estou suficientemente atrasada com os livros da biblioteca (como sempre...), resolvi fazer agora de acordo com o que lembro de minhas impressões. Futuramente farei um texto pós-terceira-leitura, mas não no formato resenha, será tipo o “Caraminholas da minha cabeça”.  Mas vamos lá para a resenha!

Logo que acabei de ler o primeiro, fiquei alucinada e queria - mas não podia - sair para comprar a seqüência, porque já era madrugada. Senti uma intensa necessidade de escrever e desabafar tudo, mas nem meu notebook, nem um caderno estavam às mãos para me socorrer. Até hoje me arrependo. Mas já que não conseguia dormir, me conformei e reli inteirinho. E sinto que lerei muitas outras vezes ainda.


Foi sob indicação do canal da Luara no Youtube que conheci a obra. Ela já tinha avisado para comprar o 1 e o 2 juntos, por experiência própria dela, porém, só levei o 1, por medo de não gostar. Minha desconfiança foi, em grande parte, por ser mangá. É chocante, mas eu, grande adoradora de animes, nunca li um mangá inteiro. Nem sei o porquê. O fato é que eu não só gostei, como para mim, foi a melhor leitura de fevereiro (acho que vou criar uma tag, para os meus livros preferidos de cada mês, o que acham?).

Contando um pouco da historia, Meiko Inoue e Naruo Taneda, são namorados desde os tempos da faculdade - onde se conheceram - e moram juntos há um ano. Ela trabalha num escritório, ganha o suficiente para se sustentar em Tóquio e ao Naruo, que faz bicos de ilustrador, trabalha muito, mas ganha pouco. A trama começa a se desenrolar com a insatisfação de Meiko em relação ao trabalho e a vida passiva que levava. O ponto principal que toca a trama é a questão do amadurecimento e dos questionamentos que os personagens têm diante da transição da adolescência para a fase adulta. A constatação de uma vida mediana, regada a um emprego que não satisfaz, mas que paga as contas, causa uma grande dúvida: será possível ser adulto e responsável e realizar seus sonhos? A busca pela felicidade, a idealização de um sentido para a vida, as frustrações de se ver sugado pela rotina generalizada e sem graça... São só alguns dos questionamentos.

Os personagens secundários, os amigos do casal, que também se conheceram durante a faculdade, são um deleite a parte. Seus problemas e conflitos também são apresentados ao leitor, que acaba por se familiarizar com o grupo de amigos e com seus relacionamentos.




 Fazia tempo que não via uma história tão bem estruturada, com personagens comuns, mas tão especiais, por serem bem elaborados e causarem grande empatia em quem lê. Apesar de tratar de um tema tão batido, trata com singularidade. É melancólico, mas não depressivo, bem humorado, mas de forma alguma escrachado. Mistura tristezas e felicidades de uma forma tão real e tão presente no nosso próprio cotidiano, que fica impossível não se identificar. Tudo conspira para isso. O leitor mergulha nos sentimentos e pensamentos dos personagens e acaba por refletir sobre as próprias duvidas e expectativas diante da vida.




Um detalhe, mas que não deixa de ter importância: a qualidade do mangá como produto. A arte gráfica é excelente (também feita pelo Inio Asano), adiciona ainda mais beleza à obra. As páginas não são feitas com aquele papel tipo de jornal, são folhas um pouco mais durinhas que o sulfite que são coladas E costuradas. Só não gostei tanto da capa...achei um pouco sem graça. Mas perto das qualidades da historia isso nem merecia ser comentado aqui.

Grande indicação para aqueles que estão na faixa dos vinte anos, começando a faculdade, saindo da adolescência. E também para os que não estão, porque a leitura é muito gostosa e cheia de conteúdo. Todas as estrelas do mundo para Solanin.

5 (milhões) de estrelas

PS: Se você não gosta de mangás, dê uma chance a este. Só para este.

PS: Fizeram um live action com a historia, eu estou louca para ver, mas não acho para baixar! Quem achar, me manda o link depois, please. 

domingo, 3 de março de 2013

Resenha: A exposição das rosas

István Örkény - Editora 34




Eu conheci esse livro através de um vídeo do canal da Patrícia Pirota no Youtube. Diga-se de passagem, o meu canal preferido.  Ele traz duas novelas, a primeira, que dá nome à obra, trata da produção de um documentário sobre a morte, idealizado por Iron Korom. Deixando de lado as prováveis complicações de filmagem, o diretor consegue três “atores” para o seu filme, que são nada mais que pessoas comuns que beiram o leito de de morte.

A novela aborda seu tema de forma extremamente prática, sem sentimentalismos (como já foi alertado pela Patrícia em seu vídeo). Alguns momentos e pensamentos dos três personagens antes da morte são mostrados. Mas novamente: sem teor filosófico. A morte nua e crua. Por mais contraditório que pareça, é essa abordagem racional que deixa o livro surreal. Personagens lidando com a morte de modo displicente, sem dar muita importância ao fato, me incomodaram em certos momentos. Especialmente, porque essa atitude não vem dos próprios doentes, mas dos que os rodeiam, amigos e familiares.

A parte de Mariska (outra enferma) foi, para mim, a melhor do livro. Tanto a própria personagem, como a mãe dela e a família Nuófer foram muito bem construídas, gostei muito.

Não é uma leitura densa, apesar de tudo. O autor soube muito bem conduzir a historia de forma leve, transmitindo aos seus personagens, ironia e desprendimento, sem, no entanto, deixá-los rasos. Senti falta de mais reflexão. Uma provocação ao leitor, um algo a mais, mas talvez isso seja por minha conta.

A segunda novela, trata do período em que “A família Tóth” recebe como hóspede, o major Varró, a pedido do filho que está em combate na guerra. A todo momento tentam agradá-lo de forma a garantir ao filho, mais conforto e segurança futuros.

O único “problema” é que todos nessa historia parecem completamente pirados! Os diálogos e as reações diante de coisinhas ínfimas são bizarras, e todos parecem concordar com essa insanidade. Não vou comentar esses casos, porque estragaria um pouco se você resolver ler, mas quem o fizer, vai entender.

Com isso, várias vezes ri e achei o conto bem humorado,  entendendo a intenção do autor chamando atenção para essas atitudes. Mas, em outras, me deu raiva. E, apesar disso, eu sentia vontade de continuar lendo. O final foi um dos mais surreais que já vi. Nem tentei entender. Eu fiquei tipo: “Ele fez isso mesmo??”. Mas confesso, que depois da incredulidade, me veio a satisfação... Se fosse eu, no lugar do Tóth, não faria, mas gostaria de fazer o mesmo.

Resumindo: gostei, levando em conta o livro como um todo. Mas não achei a ultima coca-cola do deserto, então não é algo que eu leria novamente. Vale o entretenimento, pois o autor escreve muito bem.

3 estrelas


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O que estou lendo #1


Lembram daquela minha idéia de alugar os livros na biblioteca e comprar os preferidos? Então, tá indo na medida do possível, minha gente. O problema é que sabe Deus porque, os livros que compro leio num suspiro (dois dias tem sido a marca) mas os que alugo, que tenho duas semanas para a leitura, vão se arrastando... Foda. E outra, percebi que quando leio da biblio, por mais que goste, não compro, acabo dando preferência pros que ainda não li. O que é justo, mas fura meu plano genial.

Mas vamos falar de coisa boa (iogurteira top term!), essa semana peguei mais três livros alugados e comprei outros três, sendo dois deles, mangás da LPM Pocket (publicidade gratuita mesmo, sem parceria nem cachê. Só porque gostei demais da qualidade “técnica” do mangá). Vou dar a sinopse deles (via skoob) mais adiante, e a resenha quando terminá-los!

Sinopse: Pequena Abelha, Chris Cleave




Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa… Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola. 

* Finalmente comprei esse livro! Tava querendo tanto..imaginem minha cara quando o achei no meio daquele mundaréu da Cultura (sim, eu não peço ajuda aos vendedores, eu procuro na raça mesmo.) E os comentários sobre eles não podiam ser melhores,  então, esperando muito (mas tentando não esperar...).


Sinopse: Solanin 1 e 2, Inio Asano




A Série L&PM Pocket Mangá traz ao leitor brasileiro as melhores histórias e autores de quadrinhos do Oriente, com opções para todas as idades. Em Solanin 1, do premiado quadrinista japonês Inio Asano, o jovem casal de namorados Meiko e Taneda decide dar uma virada em suas vidas e ir atrás de seus sonhos de música e liberdade. Solanin 2, a segunda e última parte da aclamada história de Inio Asano, mostra que, frente ao abismo entre os sonhos e a vida como ela se apresenta, às vezes improvisar é a única saúda possível.

* Esses são outros que eu tava com muita expectativa, por conta dos comentários. Fiquei meio assim, por ser mangá, mas levei. Esse li na mesma noite que comprei, depois no dia seguinte fui atrás da seqüência. Mais detalhes na resenha!


Sinopse: A exposição das rosas, István Örkény




Saudado como "O Molière Húngaro", István Örkény destas duas novelas usa o grotesco, a sátira e a ironia mordaz em ficções poderosas e premiadas. Esta obra compõe-se de duas novelas, que abordam com ironia a história recente da Hungria. Como ponto alto, a sátira ao militarismo e aos frágeis valores da classe média. 

* Essa sinopse achei bem pobrinha perto do que o livro é. Assim, desse jeito que tá, parece chato, mas pelo que li até agora, não é. Na resenha faço uma sinopse mais decente pra vocês, ok.


Sinopse: Os meninos da Rua Paulo, Ferenc Molnár




Com mais de um milhão de leitores e oitocentas reimpressões só no Brasil, "Os Meninos da Rua Paulo" é o clássico por excelência; pelo caráter universal e pela alta qualidade literária, mantém-se capaz de atingir um vasto público ao longo de décadas. A história dos garotos que defendem o "sagrado grund", um pedaço de terra que serve de palco para as brincadeiras, projetou o húngaro Ferenc Molnár na literatura mundial, tornou-se um best-seller e inspirou cineastas por todo o mundo - das adaptações para o cinema, a mais conhecida é de Zóltan Fábri (1969). Está para nascer uma geração que não se identifique com o espírito de amizade e união presente no livro. (...) A tradução brasileira é assinada pelo escritor, tradutor e dicionarista Paulo Rónai, grande divulgador da literatura húngara no Brasil. (...) Em suas palavras, Os meninos da rua Paulo "lembra-nos de uma verdade tão central como óbvia: que, nas horas e situações decisivas de suas vidas, os jovens querem mesmo é estar uns com os outros. [...] É entre eles que se firma os vínculos mais vitais e se trocam as emoções mais profundas".

* Só depois fui perceber que peguei dois autores húngaros... Esse é infanto-juvenil, mas tá fluindo menos que o A exposição das Rosas, vai entender. No prefácio, vi que tava com muito sono, quando em vez de “o idioma húngaro”, li “o IDIOTA húngaro”. Pensei: “Nossa, mas que jeito dele falar do autor...que será? Aí veio a compreensão... Fechei o livro e fui dormir depois disso. Mas aguardem a resenha, porque não desisti dele!


Sinopse: Reparação, Ian McEwan




Na tarde mais quente do verão de 1935, na Inglaterra, a adolescente Briony Tallis vê uma cena que vai atormentar a sua imaginação: sua irmã mais velha, sob o olhar de um amigo de infância, tira a roupa e mergulha, apenas de calcinha e sutiã, na fonte do quintal da casa de campo. A partir desse episódio e de uma sucessão de equívocos, a menina, que nutre a ambição de ser escritora, constrói uma história fantasiosa sobre uma cena que presencia. Comete um crime com efeitos devastadores na vida de toda a família e passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou.

* Eu li spoilers desse livro, o que me desencorajou um pouco, mas ainda tive vontade de ler, então peguei. Dei uma pausa, acho que não vou terminar antes do fim do prazo da biblioteca, mas dependendo, renovo o empréstimo.

Isso é tudo pessoal! 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Resenha: A máquina de fazer espanhóis

valter hugo mãe – Editora Cosac Naify




O livro trata de Antonio Jorge da Silva, um homem de 84 anos que passa a viver num asilo após a morte de sua mulher. Apesar da premissa envolver um tema delicado e muito possivelmente triste e pesado, a forma que o escritor transmite tudo não deixa o livro ser um fardo para o leitor. Pelo contrário. Escrita poética, não rebuscada, coisa linda de ser ler mesmo. A historia não deixa de ser triste, mas a todo momento, a personagem principal exprime seus pensamentos e sentimentos, deixando transparecer a raiva e a ironia, dando um toque muito especial à narrativa, que é feita em primeira pessoa pelo próprio Silva. A trama tem como pano de fundo a época da ditadura salazarista em Portugal, que é tratada de modo secundário mas insistente pelo autor durante toda a obra. Através do tema da velhice, valter hugo mãe discorre sobre temas universais, como o amor, a perda, a amizade e a morte.

Eu amei esse livro. Amei valter hugo mãe e seu jeito de escrever maravilhoso. Aconteceu com ele o mesmo que aconteceu com o John Green. A historia não traz uma premissa inovadora, mas o livro é o que é pela narrativa dos autores. Com a diferença de que o mãe é mais denso nas questões que ele aborda. Só uma coisa me incomodou: o fato de ele não usar maiúsculas e não separar os diálogos com dois pontos e travessão. Isso dificulta a leitura no começo, mas não é difícil de se acostumar (palavra de alguém que facilmente teria abandonado o livro, caso fosse grave). Me identifiquei em muito com o Silva... foi assustador ver como ele parecia estar falando de dentro da minha cabeça em alguns momentos (talvez eu esteja ficando velha antes do tempo hahaha). Foi triste não poder marcar as varias passagens em que parei para absorver a beleza daquilo. Como o livro era emprestado da biblioteca, só pude copiar as frases... Segue algumas para vocês verem do que eu to falando:


E eu sorri. Senti-me um idiota por dentro, mas sorri. Era da cultura, o estupor da cultura que nos mascara cada gesto. Pág. 26


Sonhar um mundo é correr riscos ainda maiores. É ser-se ambicioso perante o que já é impossível. - Pág. 53


O Américo esperou uns segundos por que me acalmasse. Procurou um silencio limpo como uma folha muito limpa onde pudesse escrever uma frase mais digna e disse, um dia essa saudade vai ser benigna. A lembrança da sua esposa vai trazer-lhe um sorriso aos lábios porque é isso que a saudade faz, constrói uma memória que nós nos orgulhamos de guardar, como um troféu de vida. Um dia, senhor silva, a sua esposa vai ser uma memória que já não dói e que lhe traz apenas felicidade de ter partilhado consigo um amor incrível que não pode mais fazê-lo sofrer, apenas levá-lo à gloria de o ter vivido, de o ter merecido. Tenho até inveja de si, senhor Silva, porque eu tenho trinta e um anos e estou por aqui solteiro, já não vou a tempo de ter cinqüenta anos de uma grande paixão. – pág. 77


Aceitar que apenas a gestão do tempo pode fazer-nos escapar à loucura. – pág. 101


Sentir o que não existe é uma qualquer saudade de nós próprios. Muita coisa é apenas uma saudade. Muitos dos sentimentos. É como lhe digo. Sabe, até o suspirarmos por alguma acalmia que havia antes da revolução. Ó senhor Cristiano, não vai falar outra vez do regime. Não é isso, é que é importante pensar nestas coisas, respondia ele. (...) temos medo destes novos tempos, não são os nossos tempos, e precisamos de nos defendermos. Quando dizemos que antigamente é que era bom estamos só a ter saudades, querermos na verdade dizer que antigamente éramos novos, reconhecíamos o mundo como nosso e não tínhamos dores de costas ou reumatismo. É uma saudade de nós próprios, e não exatamente do regime e menos ainda de salazar. – pág. 116


A mulher corava novamente e desse modo se calavam por um instante, a pensar nessas levezas que não tem sequer dicionário e obrigam uma pessoa a depender da outra pelo lado mais delicado da beleza. – pág. 219


Depois confessei-lhe, precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia, este resto de vida, Américo, que eu julguei já ser um excesso, uma aberração, deu-me estes amigos. E eu que nunca percebi a amizade, nunca esperei nada da solidariedade, apenas da contingência da coabitação, um certo ir obedecendo, ser carneiro. Eu precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de amizade. Hoje percebo que tenho pena da minha Laura por não ter sido ela a sobreviver-me e a encontrar nas suas dores caminhos quase insondáveis para novas realidades, para os outos. Os outros, Américo, justificam suficientemente a vida, e eu nunca o diria. Esgotei sempre tudo na Laura e nos miúdos. Esgotei tudo demasiado perto de mim, e poderia ter ido mais longe. – pág. 237


Perguntava-me por que não deixar que ficassem. Seriam uma historia bonita no feliz idade. E eu respondia que não, não queria, que as historias bonitas aconteciam por acaso, e eu acabara de aprender que a vida tem de ser mais à deriva, mais ao acaso, porque quem se guarda de tudo foge de tudo. – pág. 245


Sentiram o drama? Selecionei e mesmo assim ficaram muitas! Preciso falar que vale a pena ler?


5 estrelas


PS: gente, tenho problemas com títulos e suas mensagens nas entrelinhas. Deu pra perceber né... Então, alma bondosa, leitor inteligente: caridade por favor, seja gentil e explique para a minha pessoa o porquê de ser A máquina de fazer espanhóis. Grata.